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Como se preparar para um show de mágica infantil

Saiba o que é preciso para entreter os pequenos

Não é novidade que o mercado de trabalho atual, cada vez mais exigente e competitivo, pede a qualificação constante dos profissionais e com a mágica não é diferente. Embora não exista um curso superior, inúmeros mágicos buscam a especialização como uma maneira de alavancar na carreira e se destacar no mercado. Para cada tipo de público, é necessário uma preparação diferente. Hoje vamos explorar um pouco como é o trabalho do mágico em shows infantis e o que é preciso para entreter os pequenos.

Crianças são curiosas por natureza e, como a mágica guarda mistérios, elas ficam intrigadas esperando os próximos passos do mágico. A difícil tarefa está em prender a atenção delas até o final do espetáculo. É aí que entra a habilidade de cada profissional.

Tio André apresentando um show de mágica. (Foto: Elisa Espósito)

André Freire, de 48 anos, mais conhecido como Tio André, acredita que o mágico é a alma do espetáculo: “Existe um número limitado de mágicas. O que muda é a personalidade de cada profissional”.

A habilidade com crianças começou muito antes da mágica, quando ainda era recreador infantil, o que resultou no apelido de “Tio André”. De início, conciliava as duas profissões, mas conforme a mágica começou a dar certo, decidiu investir todo o seu tempo para aprimorar ainda mais os números de cada espetáculo. André deixou de lecionar, começou a fazer teatro, curso de contador de histórias, origami e pintura facial.

O grande desafio está em prender a atenção dos pequenos até o final do espetáculo.

“Para envolver as crianças você tem que respeitar o tempo delas. Tem que ser dinâmico, interativo, porque ela não vai ficar só te assistindo”, adverte André. Uma das dicas dadas pelo mágico é usar muitos efeitos especiais e também convidá-las para participar da apresentação.

Kevin Iwassaki apresentando a Floating Table. (Foto: Facebook)

Kevin Iwassaki, um jovem de apenas 20 anos, também é especializado no público infantil. Hoje ele faz shows solo, mas no começo formava uma dupla junto a Zózi, um clown, que encantava a criançada. A interação com o público é fundamental, especialmente nos momentos onde é preciso concentração para esperar o gran finale. “Para as crianças, a linguagem corporal diz muito. No teatro e na dança encontrei algumas referências de como me comunicar com o público nos momentos em que não existem falas, para prender a atenção”, afirma Kevin.

Outra dica dada pelo mágico é começar o espetáculo com algum número que chame a atenção dos convidados desde o início: “Assim você faz com que os espectadores entrem no clima da apresentação. Costumo realizar um ato de entrada com uma sequência de efeitos rápidos acompanhados de uma música, lembrando os clássicos mágicos de Las Vegas”.

Cuidados com as crianças

A mágica tem o poder de encantar a todos. (Foto: Elisa Espósito)

Sabe aquele papo de que os adultos são modelos para crianças? O mesmo acontece com o mágico. “Nós somos espelhos para as crianças. Quando fazemos algum número, causamos encantamento nelas, e elas querem imitar e fazer igual. Imagina se algo não sai como planejado e alguma palavra é mal colocada. Por isso, todo cuidado é palco na hora de se trabalhar com o público infantil”, adverte André.

Toda palavra causa impacto na criança, por isso, palavrões não podem ser usados em hipótese alguma. Já imaginou que constrangedor a criança repetir uma palavra imprópria para sua idade?

É preciso escolher a dedo o que vai ser dito, mas sem infantilizar ou ridicularizar a criança.”Muito cuidado com brincadeiras indecentes, constranger a criança que está participando, piadas de duplo sentido ou com conotação sexual, objetos e efeitos perigosos”, adverte Kevin.

Preparação é a chave para o sucesso

No dia do espetáculo, cada detalhe deve ser pensado para que o mágico se programe com antecedência. A preparação para o show acontece muito antes do abrir das cortinas. Um roteiro com a sequência das mágicas, pode funcionar como uma programação para o mágico.

“O roteiro me ajuda principalmente a não esquecer de levar qualquer objeto necessário e a visualizar como será a apresentação: o cenário, efeitos especiais que irei usar e equipamentos necessários para cada número”, revela Kevin. Por meio do roteiro, é possível prever o tempo de cada mágica e trazer dinâmica para o espetáculo, dando sequência aos números apresentados sem deixar buracos durante a apresentação.

Para que nenhum imprevisto ocorra, ensaiar é fundamental. “Uma dica é gravar seu ensaio para depois assistir. Assim o próprio mágico vê se aquilo o agrada ou se ele fica com vontade de passar o filme para frente”, aconselha Kevin.

Também é importante analisar o espaço onde o mágico irá trabalhar no dia do evento: se há passagem para os espectadores, se nenhum espelho no local reflete o que não deve ser visto, por exemplo. “É importante preservar o elemento surpresa para não estragar a mágica, se não é como se você contasse a piada pelo fim”, brinca André. Para isso, é necessário chegar no local com antecedência, montar o cenário e preparar o equipamento para só executar a mágica. “Montar alguma coisa na frente dos espectadores é algo desagradável como quando chego num supermercado e um funcionário está organizando a prateleira”, adverte Kevin.

Além de esconder o que não deve ser revelado, um bom planejamento consegue envolver a todos. As crianças são o público alvo da apresentação, mas os adultos também são espectadores e devem ser envolvidos.”Um bom número encanta a todos, desde uma criancinha de 2 anos até um vovô de 100 anos. O pequeno fica encantado com o coelhinho saindo da cartola e o adulto fica com a dúvida de como o coelho saiu dali”, conta André.

Para interagir com o público adulto, André costuma chamar o pai para interagir junto da criança, o que facilita na timidez e na interação dos pequenos. Para aqueles que não estão no palco se sentirem parte do número, também é possível pedir para que a plateia bata palmas, grite, faça movimentos e até realizar perguntas para o espectador (seja sobre o número ou a criança que está participando – caso seja filho).

Outro método, realizado por Kevin, é usar o Close up, assim o número fica na mão do espectador e o mágico pode interagir com o restante da plateia. “Nesse momento você foca nos adultos e os convida para assistir a apresentação”. No número, os papéis são invertidos e o público pode vivenciar a experiência de ser mágico.

Este é o poder da mágica: entreter diferentes públicos, transportando-os para dentro da cena. O encantamento fica por conta da dúvida e a curiosidade com o elemento surpresa de cada apresentação.

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